sábado, 2 de abril de 2011

“SER E TER, TER E SER”

Matheus dos Santos da 1oC traz considerações importantes nesse ensaio sobre o mundo em que vivemos.



“O individuo é ilusório não apenas por causa da
padronização. Ele só é tolerado na medida em que sua identidade
incondicional com o universal está fora de questão”.
(Adorno e Horkheimer, DE, pág. 144).





          No mundo contemporâneo sofremos influências de todas as formas - seja ela em nosso modo de pensar, agir ou como nos vestimos, até mesmo em nosso modo de falar - acabamos por nos acomodar a sempre ser do modo que somos influenciados  e desta maneira esquecemos de nossos valores reais, de nossas buscas mais verdadeiras, pois,  o que visamos todos os dias é  encontrar a felicidade de forma harmônica, sem ter de nos  preocupar com o mundo externo ao nosso,  sendo este desenvolvimento algo fluente  de acordo com o  mundo que construímos todos os dias., para que nossa vida seja mais feliz. Será que buscamos ser o que queremos, ou somos como querem que sejamos em um mundo onde temos pouca liberdade de escolha? Onde temos regras que devemos seguir como uma espécie de cadeia, as escolhas são mínimas e essas escolhas, as nossas próprias escolhas, aparentam ser impostas.
          Toda a publicidade que encontramos no nosso cotidiano seja ela na TV, outdoors, revistas, rádio, internet, faz com que sempre tenhamos a ambição de ser como o outro, tendo todos a mesma “personalidade”, ajudando a manter o próprio capitalismo que busca gerar toda esta padronização.
  Quando não nos comportamos de tal forma somos julgados e criticados por não sermos como os demais onde na maioria das vezes somos excluídos pelas pessoas que “possuem” algo de valor material. O esquecimento dos valores, a busca pelo possuir, consumir, faz com que nos tornemos um individuo totalmente involutivo. Como nos diz Adorno e Horkheimer:

              “Isso significa que os controladores da indústria cultural se decidam à elaboração rigorosa de uma linguagem destinada a produção de efeitos fáceis e de assimilação imediata por qualquer espectador, o que exige a exclusão de todo elemento que escape à fórmula adotada ou então a conteste” [1].
 
Consumir porque é de marca ou mesmo porque o próximo tem, será esta a forma que é buscada pelos humanos para preencher algum vazio do qual ele não teve capacidade de preencher com sua filosofia de vida, com suas próprias escolhas? O mundo capitalista em que estamos faz com que isto aconteça com mais freqüência e as pessoas, na maioria das vezes, se tornam escravas, deixando-se influenciar de forma totalmente desumana e humilhante.

              “Deste modo tal antecipação implica, por sua vez, a transferência da responsabilidade pela elaboração da obra do artista para administradores, técnicos, e diretores que a julgam não pela sua qualidade artística, mas pela probabilidade de lucro e sucesso do mercado.” [2].

  Assim concluo que não podemos nos deixar influenciar pelo mundo capitalista, onde querem que sejamos algo diferente do que gostaríamos, vivendo de pequenas felicidades passageiras. Temos primeiramente que aprender que a felicidade consiste em pequenos gestos, em atitudes simples e que não precisamos aderir uma forma de viver alheia, imposta pela indústria cultural, dominante, padronizada, onde somos o que temos, e não somos capazes de escolher o que ser ou ter.



[1] Mente Cérebro & FILOSOFIA, nº. 7, pág. 27.
[2] Mente Cérebro & FILOSOFIA, nº. 7, pág. 27.

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