segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Professores Memoráveis.


Meus olhos admiravam a grandiosa estrutura da creche que viria ser meu segundo lar por seis anos. Eu aperava a mão de minha mãe com certo receio, mas logo que vi outras crianças correndo pelo pátio a insegurança passou. No primeiro dia, uma mulher de cabelo curto perguntou meu nome, ela foi minha primeira professora, ou tia, como a chamava. Lembro-me muito bem dela: tinha por nome Lourdes. A tia Lourdes me ensinou a contar até 100, a escrever meu nome e as formas geométricas. Ela oferecia seu colo quando eu entrava na creche zonza de sono. A outra tia foi mais rígida, não lembro mais o nome, mas recordo que ela me ensinou a ser ágil, escrever de tudo e somar. Algumas coisas eu já havia aprendido com  minha mãe, por isso me colocaram em outra série.

Logo depois, veio a primeira série.  Estudávamos numa escola de manhã e fazíamos ensino complementar à tarde. A escola fica no centro da cidade. Minha professora se chamava Nélvia. Ela era alta e tinha cabelos negros, eu a comparava com a branca de neve. Depois dela surgiu a professora Maria das Graças, uma gorda que gostava de passar cruzadinhas. Na terceira série, conhecemos a tia Yolanda, que aplicava prova toda semana. Apesar de rígida, a maioria dos alunos gostava dela.  Na quarta série, tia Cláudia, que mais parecia uma animadora de festa infantil, tinha mais ou menos um metro e meio de altura, era loira e tinha olhos negros. Tia Cláudia separava as sextas para brincadeiras e aula de música. Lembro-me até hoje de todas as músicas. Depois da quarta série, tivemos que ir para outra escola, no meu caso, para o João Conceição.

Não lembro exatamente de todos os professores, mas alguns merecem aparecer aqui. Como por exemplo, o professor de história, Luiz Carlos, que enfeitava nossos cadernos com lápis de cor. O professor Paulo, que com toda paciência do mundo nos explicava, caso precisasse, sobre frações pela milésima vez, até entendermos. Rosana, a professora de EDUCAÇÃO Física, fazia com que jamais proferíssemos a palavra “Aula de Física” na aula dela (nota: agora sei o porquê). Houve também o professor Marino, que fazia gincana matemática: meninas x meninos, alguns o comparavam com o Wolverine, por causa da barba.  E por falar em gincana, teve a professora Angélica, que promovia bingo ortográfico e premiava os vencedores com um bombom, ela me chamava de “minha poetiza”, Angélica fez-me uma apaixonada por Edgar Allan Pöe e Clarisse Lispector. Professora Carmen me deixou fascinada por Van Gogh, Monet, e Michelangelo. Professora Vera sempre idealizou uma festa de Halloween na escola, ela me ajudou a aprender inglês ouvindo músicas. E a professora Sônia ensinou geometria fantasticamente, eu tinha um medo terrível de errar um plano cartesiano.

Daí veio uma fase turbulenta: a sétima série. Uma tarde, eu entrei chorando na classe após o intervalo, a professora de ciências, Maria José, aproximou-se de mim e perguntou o que havia acontecido. E eu, explodindo por dentro, sussurrei “sabe quando você é esquecida por alguém?”, ela curvou a cabeça e eu desabei nos ombros dela, ficamos paradas por alguns segundos, segundos esses que bastaram para me confortar.

Depois disso, nas aulas da manhã, apareceu a professora Rosane, que fez com que eu desejasse ser igual a ela, foi com base nas aulas dela que tive o desejo de lecionar, Rosane foi e é um dos meus pontos de referência.  Professora Juliana, com os olhos mais expressivos que já vi, ensinava sobre história juntamente com grandes reflexões sobre a vida.  Professora Silvana fez com que Pitágoras e Bhaskara grudassem na minha cabeça e não saíssem nunca mais.  E a professora Cora, sempre me engajava (faz até hoje) em projetos da escola.

O ensino médio veio e, junto com ele, matérias novas apareceram: Física, química, biologia, filosofia e sociologia.  O professor de Física, Renato, me deixou com certo medo da matéria, mas logo me acostumei com ele e penso que ele é um dos melhores professores de Física que existe, sempre usando materiais simples para explicar coisas complexas.  Na matéria química, só me aproximei mais esse ano, o professor Júnior conseguiu — milagre! — me deixar entusiasmada com a matéria, com todo carisma que ele consegue ter naturalmente.  Em filosofia, professor David fazia, digo, faz discussões com a classe até chegarmos a uma conclusão.  A professora Fátima, de sociologia nos ensinou tudo e mais um pouco sobre ética e moral, desigualdades sociais e cultura. Teve uma professora de português, Maria Rosa, que nos contava histórias de seus livros favoritos, ela interpretou um trecho do “Alto da Barca do Inferno” que me deu até medo.

 Chegamos enfim à terceira série do ensino médio, o professor Malcílio nos alerta em todas as aulas sobre vestibular e as pegadinhas matemáticas que há neles. A recém-chegada Natália, de sociologia, apresentou vários projetos sociais, me deu vontade de virar ativista. Com as aulas do professor Maurício, os assuntos globalização, estereótipo e guerra fria jamais sairão da minha cuca. As aulas da Ana Maria fizeram com que eu tivesse medo de não ser boa o suficiente, mas com o tempo me acostumei e passei a adorá-las.

Estes citados são, além de professores, amigos que quero levar comigo para o resto da vida. São profissionais aplicados, amigos leais e anjos disfarçados. Serei grata eternamente a todos e, quem sabe algum dia, a gente possa se encontrar como colegas de trabalho.

Feliz dia do amigo, conselheiro, anjo... Enfim, feliz dia dos professores. 



                                                                                Ana Eduarda, 3ª A

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Choro de Saia

Para quem não sabe, a Celinha (bibliotecária) faz parte de um grupo de chorinho chamado Choro de Saia. 


Hoje à noite o grupo se apresenta na 30ª BIENAL DAS ARTES EM SÃO PAULO. 
Quer saber mais? acesse AQUI!

Parabéns, meninos!!! 



sábado, 1 de setembro de 2012

FOP - Unicamp

Alunos do 3° ano do ensino médio visitam a universidade FOP - Unicamp de Piracicaba, onde ouviram palestras de professores e estagiários, visitaram laboratórios, e ao final do percurso pelo campus concluíram assim o saber de todos os cursos proporcionados pela universidade.

Alunos do João Conceição 3°B

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Informação


Historia da Escrita

Na Pré-História o homem buscou se comunicar através de desenhos feitos na paredes das cavernas. Através deste tipo de representação (pintura rupestre), trocavam mensagens, passavam idéias e transmitiam desejos e necessidades. Porém, ainda não era um tipo de escrita, pois não havia organização, nem mesmo padronização das representações gráficas.

Criação da escrita e sua história

Foi somente na antiga Mesopotâmia que  a escrita foi elaborada e criada. Por volta de 4000 a.C, os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme. Usavam placas de barro, onde cunhavam esta escrita. Muito do que sabemos hoje sobre este período da história, devemos as placas de argila com registros cotidianos, administrativos, econômicos e políticos da época.

Os egípcios antigos também desenvolveram a escrita quase na mesma época que os sumérios. Existiam duas formas de escrita no Antigo Egito: a demótica (mais simplificada) e a hieroglífica (mais complexa e formada por desenhos e símbolos). As paredes internas das pirâmides eram repletas de textos que falavam sobre a vida dos faraós, rezas e mensagens para espantar possíveis saqueadores. Uma espécie de papel chamada papiro, que era produzida a partir de uma planta de mesmo nome, também era utilizado para escrever.  
Já em Roma Antiga, no alfabeto romano havia somente letras maiúsculas. Contudo, na época em que estas começaram a ser escritas nos pergaminhos, com auxílio de hastes de bambu ou penas de patos e outras aves, ocorreu uma modificação em sua forma original e, posteriormente, criou-se um novo estilo de escrita denominado uncial. O novo estilo resistiu até o século VIII e foi utilizado na escritura de Bíblias lindamente escritas.

Na Alta Idade Média, no século VIII, Alcuíno, um monge inglês, elaborou outro estilo de alfabeto atendendo ao pedido do imperador Carlos Magno. Contudo, este novo estilo também possuía letras maiúsculas e minúsculas.

Com o passar do tempo, esta forma de escrita também passou por modificações, tornando-se complexa para leitura. Contudo, no século XV, alguns eruditos italianos, incomodados com este estilo complexo, criaram um novo estilo de escrita.

No ano de 1522, um outro italiano, chamado Lodovico Arrighi, foi o responsável pela publicação do primeiro caderno de caligrafia. Foi ele quem deu origem ao estilo que hoje denominamos itálico.  

Com o passar do tempo outros cadernos também foram impressos, tendo seus tipos gravados em chapas de cobre (calcografia). Foi deste processo que se originou a designação de escrita calcográfica.

Você sabia?

Existe uma ciência que estuda as escritas antigas, seus símbolos e significado. Esta ciência é chamada de Paleografia.

Imagens: 
Primeiras letras a serem escritas
Esculturas nas pedras, informas o expressar dos homens  da pré-historia.

De: Richard Wendell 3°B
  

Esporte

A escola João Conceição, realizou jogos olímpicos no período de Junho/Julho de 2012, para de uma forma esportiva e social ajudar no desempenho dos alunos que estudam no período da tarde na escola. Com direito a uniformes e medalhas para os vencedores, os professores de Educação Física promovem esta  "Gincana" todo o ano. Podemos ver algumas destas fotos da semana cultural. 

Time Jc


Professora de Língua Portuguesa, Angélica 





Professora de Historia, Adriana.

Professora de Ciências, Sandra, homenageando os vencedores.

Professora de Geografia, Kellen 

Time de futebol

Professora de Arte, Flávia.

Treinador e professor de Educação Física dos alunos do período da tarde.

Diretora: Thais Cury, entregando o troféu aos ganhadores.
De: Richard Wendell 3°B

Esporte

Time formado pelos alunos da escola João Conceição, e comandado pela professora Rosana - Educação Física, que disputam jogos contra outras escolas de Piracicaba. 
Time JC

Time JC

A escola Jetro, que foi recebida pelo João Conceição para um amistoso, realizaram jogos na nova quadra do JC.


De: Richard Wendell 3°B

Artesanato JC

ARTESANATO JC.

Feira de Artesanato promovido pelos alunos do 1°ano do ensino médio, juntamente com a professora Rosana. 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Artigo de Opinião: Diário Aberto


Na década de 70, manter um diário era uma das maiores regras para toda adolescente e se alguém lesse — explosão! — era o fim do mundo. Alguns tempos depois, o diário foi se tornando raro e praticamente desapareceu. E depois, com a era digital, veio aquela febre do blog, onde as garotas — e até mesmo os rapazes — escreviam sobre seus gostos, dramas, músicas favoritas e tudo mais o que decidiam “contar” para o resto do mundo virtual, surgiu então um novo diário, porém lá a tão prestigiada privacidade caía por terra, embora no começo houvesse perfis com identidade falsa, os famosos fakes, essa idéia de não ser conhecido não prevaleceu. Podemos dizer que os jovens modernos dão mais valor a exposição pública de sua vida do que a privacidade?

Antes de qualquer coisa, o adolescente busca a todo instante um ponto de referência para seguir, seja um cantor, um ator, os pais, enfim, alguém que chame sua atenção até que ele diga “quero ser igual a ele quando mais velho”. Na maioria das vezes, essa referência acaba se tornando um ídolo para ele, que passa a querer saber sobre ela, seu estilo de vida, ou até mesmo o famoso “o que ela está pensando”. A partir daí, o jovem vai se tornando um adulto baseado naquela pessoa e, consequentemente, deseja mostrar para o mundo o que ele está se tornando.

É claro que a privacidade é importante, porém o jovem tem a necessidade de ser visto por todos, aceito no mundo dos adultos com toda vontade de trazer consigo sua infância. A maioria das crianças gosta de ser notada, todo adulto quer ser reconhecido por seu trabalho. O adolescente transita entre a infância e a maturidade, é um fio tênue entre as duas coisas. Assim, todo jovem gosta de chamar a atenção e ser reconhecido, principalmente pelos adultos, por seu trabalho. É nesse ponto em que a privacidade para os adolescentes não se encaixa, pois não há como ganhar reconhecimento e atenção se sua vida ficar “escondida”.

Em síntese, a privacidade não deixa de ser importante, porém não é tão relevante quanto antes. Com o diário virtual (o blog, tumblr, twitter), o jovem consegue expor suas opiniões abertamente usando a linguagem que bem entender. Ele expõe sua vida para ganhar reconhecimento, tanto por pessoas de sua idade quanto pelos adultos.  


                                                                               Ana Eduarda, 3º A


P. S.: E por falar em diário aberto, aqui está o meu: Olhos Líquidos

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Espaço público: Intervenções

Espaço público

O espaço público é considerado como aquele espaço que, dentro do território urbano tradicional, sendo de uso comum e posse coletiva, pertence ao poder público. (Wikipédia)


O espaço público é de todos! Espaço para manifestações de arte, de protesto, de esportes... Cada um encontra seu espaço no espaço público. Os alunos da 1a série do Ensino Médio saíram em busca dessa diversidade pelas ruas de Piracicaba. Olhos abertos e celular na mão... essa era a proposta! A partir daqui você confere o que eles encontraram em matéria de intervenções no espaço público! 



Grafite: A primeira forma de intervenção encontrada.



 Stefane de Freitas Santos  
 Miriã Toledo Batista  

Segundo o site Wikipédia, a intervenção geralmente tem um sentido negativo de intromissão.
A intervenção pública é um tipo de manifestação artística, geralmente realizada em áreas centrais de grandes cidades. Consiste em uma interação com um objeto artístico previamente existente (um monumento, por exemplo) ou com um espaço público, visando colocar em questão as percepções acerca do objeto artístico. 
Grafite é o nome dado às inscrições feitas em paredes. Por muito tempo visto como algo proibido, que deixava a cidade com aparência “feia”, mas hoje em dia o grafite nada mais é que uma forma de expressão em arte. Depois de esse trabalho ter sido reconhecido, muitas pessoas ganham dinheiro com isso, como também existem pessoas famosas nesse meio. O grafite é algo artístico e que não é proibido em lugares públicos, ao contrário da pichação.


Escolhemos um grafite diferente dos outros que vemos pela cidade, que aparentemente nos mostra dois elefantes com pinturas indianas e uma sereia do lado, feito recentemente, pois suas cores estão vivas e não aparenta nenhum sinal de destruição. 



Essa foto é de um grafite na Rua Dona Glória (Piracicaba-SP), tirada às 12h22 do dia 11 de Junho de 2012 (segunda-feira).


Das ruas para os museus

No vídeo abaixo você conhece o trabalho de dois grafiteiros famosíssimos: os paulistanos Otávio e Gustavo Pandolfo. 
"Por que a cidade precisa disso? Por que eu acho que se você não usar a cidade, ela vai te usar." 



Fazendo arte no espaço público



Jhonattan Henrique Jorge         
Vitória Passari Carone    1a A         

  
Segundo a Wikipédia, o espaço público é considerado como aquele que seja de uso comum e posse coletiva (pertence ao poder público). A rua é um exemplo de espaço público.
Entre as diversas manifestações que podem acontecer nesse espaço, a arte se faz presente. Que tipo de arte? Qualquer tipo... até arte sacra!
O Tapete de Corpus Christi, é uma tradição da Igreja Católica. Essa tradição surgiu em Portugal e veio para o Brasil trazido pelos colonizadores. A ideia é tirar a Eucaristia da Igreja nesse dia e exibi-la pelas ruas da cidade. As ruas por onde ela irá passar são enfeitadas com um grande tapete confeccionado pelos fiéis. Para confeccioná-lo são utilizados diversos tipos de materiais, tais como serragem colorida, borra de café, farinha, areia, flores e outros acessórios. Logo após a confecção dos tapetes, acontecem a missa e a procissão. 





As fotos foram tirada na manhã do dia 10/06 na Rua Basílio Machado no bairro da Paulista - Piracicaba (SP). Nesse dia, os "artistas" se reúnem para preparar o tapete. Nós dois estávamos lá... fazendo arte no espaço público!



Pasusp e Fuvest

E aí, alunos do Segundo e Terceiro ano? Já se inscreveram no Pasusp?


Pra quem não sabe, Pasusp é um programa feito pela USP, com intuito de ampliar a presença das escolas públicas na universidade. Esse programa, além se isentar a taxa do vestibular Fuvest, providencia 05% de bônus para alunos do segundo ano e 10% para os alunos do terceiro. Caso o aluno do terceiro ano tenha feito a inscrição e a prova ano passado, é possível acumular 15% de bônus esse ano. (Para saber melhor sobre o Pasusp, clique aqui)

Feita a inscrição, os alunos deverão de inscrever para a Fuvest.

Corre lá galera! E boa sorte!

Calendário
  • Inscrições no PASUSP: de 22 de junho a 15 de agosto de 2012, pela Internet
  • Postagem do atestado e foto: até 17 de agosto de 2012
  • Inscrições no Vestibular da FUVEST: 24 de agosto a 10 de setembro de 2012, pela Internet
  • Prova da 1ª fase da FUVEST: 25 de novembro de 2012, às 13 h

                         
                                                                                        Ana Eduarda, 3º A

terça-feira, 19 de junho de 2012

Eu e você não somos mais um só

Na Roça de manhã
Me canta a melodia
O café quentinho
É assim todo dia

Mais a melodia é Triste
Porque não estou fazendo dueto contigo
E isso para mim
É o pior castigo

O vento bate em meus cabelos
Os passarinhos estão a cantar
E lá estou eu na janela
Apenas em você pensar

Então na noite escura
Parece que minha vida deu um nó
As lagrimas escorrem no meu rosto
Por estar tão Só

                                                    Eskarlethy Ferrarezi, 6ª D
                                                                             

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Intervenções do espaço público - Parkour


Segundo a Wikipedia, o espaço público é considerado como aquele que seja de uso comum e posse coletiva (pertence ao poder público). A rua é considerada o espaço público por excelência.
Alguns grupos se valem desses espaços para a prática de esportes. Exemplo disso é o Parkour. Criado na França, o Parkour[P1]  é uma atividade cujo princípio é mover-se de um ponto a outro o mais rápido e eficientemente possível, usando principalmente as habilidades do corpo humano. Criado para ajudar a superar obstáculos de qualquer natureza no ambiente circundante — desde galhos e pedras até grades e paredes de concreto — este pode ser praticado em áreas rurais e urbanas. O Parkour é uma atividade que gera muito preconceito nas áreas urbanas, considerado como “vandalismo” por certas pessoas.


Essa foto foi tirada na estação da Paulista em Piracicaba-SP, uma área de lazer para as pessoas, e esse é um dos jovens praticantes de Parkour da cidade.


terça-feira, 5 de junho de 2012


Mal a "bilheteria" da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty) foi aberta, nesta segunda-feira (4), já há informações sobre ingressos esgotados na Tenda dos Autores, a área mais cobiçada do evento. Escritores como Ian McEwan, Jonathan Franzen, Jennifer Egan, Le Clézio e os brasileiros Luiz Eduardo Soares e Fernando Gabeira são presenças confirmadas na Flip deste ano. Aliás, ao longo de seus 10 anos de existência, inúmeros dos mais famosos escritores do mundo todo estiveram em Paraty. Aproveitando o clima, indicamos dez dos 40 autores convidados que você precisa conhecer.
(fonte: Revista Bravo)

Confira aqui!!!

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Congresso Pré Iniciação Cinentífica - USP

Alguns alunos da escola foram selecionados para participar do PIC (Pré Iniciação Científica) no ano passado. A experiência  foi muito boa. Durante um ano, os alunos trabalharam com pesquisadores e professores na ESALQ (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) e no CENA (Centro de Energia Nuclear na Agricultura).
Terminado esse período, os estudantes foram apresentar seu trabalho na Escola Politécnica na Cidade Universitária USP, em São Paulo.
O PIC é um projeto realizado pela Pró-Reitoria da USP, ele se espalha por todo estado de São Paulo, e tem como objetivo aproximar os alunos da universidade. Abaixo estão algumas fotos da apresentação. Parabéns pessoal!

Vitor Perez. Projeto: Controle de RHYZOPERTHA DOMINICA por irradiação.
Panorâmica do Congresso.
Amanda Rodrigues e Fernanda Fornazieiro com o Professor Doutor Adibe Luiz Abdalla .
Fernanda Fornazieiro, Ana Eduarda e Amanda Rodrigues com a Professora Gisele  Maria Oriani.
Mariana Zambetta e seu orientador. CENA/USP. Projeto: Utilização da Radiação Gama na Conservação  de Batata , Cenoura e Vagem Minimamente Processada.
Aluno de Campinas - ICB/USP. Projeto: Degeneração de Fotorreceptores  em um Modelo de Retinose Pigmentar.
(Nomes e Cidade não informados) - Projeto: Curvas de Luz de Estrelas Variáveis.
Aluno de Lorena - CNPq (Concelho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Projeto: Avaliação e Controle da Água de Cultivo de Bioindicadores Aquáticos. 
Amanda Rodrigues e Ana Eduarda - CENA/USP. Projeto:  Avaliação de Alimentos para Animais Domésticos.

                                                               
                                                                       Ana Eduarda, 3ª A

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Virada Paulista 2012

Virada Cultural 2012



Acontece neste final de semana (19 e 20/05) a Virada Cultural Paulista. A programação para Piracicaba você confere aqui!
As atrações acontecem em vários pontos da cidade: Engenho Central, Teatro Municipal, SESC, Biblioteca Municipal, Pinacoteca, Museu Prudente de Moraes, entre outros. As atrações incluem stand up, oficina de dj, oficinas de arte, dança, música... ufa!O que não dá é pra perder!

Boa diversão a todos!

terça-feira, 15 de maio de 2012

terça-feira, 8 de maio de 2012

Literatura africana: vale a pena conferir!

Escritores africanos têm sido cada vez mais festejados e lidos por aqui, em nosso país. Mia Couto (moçambicano), José Eduardo Agualusa, Ondjaki (ambos angolanos), só pra citar alguns, produzem uma literatura retratando uma África que nos é desconhecida. Nós que somos um povo com raízes tão fortes naquele continente... A diáspora trouxe ao Brasil quatro milhões de escravos (não há consenso neste número, alguns estudiosos afirmam que esse número é muito maior). E o que sabemos da Mãe África? Tão pouco! Uma boa forma de descoberta é a literatura de qualidade produzida hoje em dia por lá.

Mia Couto

Além de ser considerado um dos escritores mais importantes de Moçambique, é o escritor moçambicano mais traduzido. Em muitas das suas obras, Mia Couto tenta recriar a língua portuguesa com uma influência moçambicana, utilizando o léxico de várias regiões do país e produzindo um novo modelo de narrativa africana. Terra Sonâmbula, o seu primeiro romance, publicado em 1992, ganhou o Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995 e foi considerado um dos doze melhores livros africanos do século.
(fonte: Wikipédia)
A biblioteca da escola conta com o livro O outro pé da sereia, mas uma boa porta de entrada para a obra do escritor é o livro de contos Histórias abensonhadas. Através de contos breves, temos um panorama de todo o misticismo e esperança de um povo. Os títulos já sugerem a prosa poética que nos espera: Nas águas do tempo, O cego Estrelinho, Jorojão vai embalando lembranças, Pranto de coqueiro, Os infelizes cálculos da felicidade, Os olhos fechados do diabo do advogado, A guerra dos palhaços. Mia Couto é assim: sintetiza enormidades. Cada parágrafo traz descobertas desconcertantes, quer sobre a língua, os costumes, as tradições e a esperança do povo de Moçambique. Impossível pensar no livro sem trazer a  referência da guerra civil que assolou o país por 30 anos, mas o trato dado pelo escritor a essa questão é absolutamente apaixonante.


Trechos do livro Histórias abensonhadas:
"Sente o sangue escorrendo, a bota do soldado ainda lhe dói uma última vez. Como pode saber ele os procedimentos exigidos pelo vigilante? Mas o soldado é totalmente militar: está só cumprindo ignorâncias, jurista de chumbo incapaz de distinguir um fora-da-lei de um lei-de-fora. (...) À medida que o soldado desfere mais violência, a bandeira parece perder as cores, a apaisagem em redor esfria e a luz tomba de joelhos. É, então." (conto: O poente da bandeira)

"Estou sentado da janela olhando a chuva que cai há três dias. Que saudade me fazia  o molhado tintinar do chuvisco. A terra perfumegante: semelha a mulher em vésperas de carícia. Há quantos anos não chovia assim? De tanto durar, a seca foi emudecendo a nossa miséria. (...) A gente se indaguava: será que ainda podemos recomeçar, será que a alegria ainda tem cabimento?". (Conto: Chuva: a abensonhada.)




José Eduardo Agualusa



Numa entrevista, o escritor responde à pergunta, "Quem é o Eduardo Agualusa?": "Quem eu sou não ocupa muitas palavras: angolano em viagem, quase sem raça. Gosto do mar, de um céu em fogo ao fim da tarde. Nasci nas terras altas. Quero morrer em Benguela, como alternativa pode ser Olinda, no Nordeste do Brasil." Perguntado se se diverte escrevendo, Agualusa explica: "Escrever me diverte, e escrevo também, porque quero saber como termina o poema, o conto ou o romance. E ainda porque a escrita transforma o mundo. Ninguém acredita nisto e no entanto é verdade."
(fonte: Wikipédia)
 Para saber mais sobre o escritor, sua obra e a influência de sua literatura aqui no Brasil, acesse o linK:
A Rede Globo negociou os direitos do livro Nação Crioula e a história deve virar minissérie em breve.

Ondjaki




Atualmente, mora no Brasil, no Rio de Janeiro. Estudou em Luanda e concluiu licenciatura em sociologia em Lisboa. Possui experiência na área do teatro e da pintura.
Em 2000, obtém o segundo lugar no concurso literário António Jacinto realizado em Angola, e publica o primeiro livro, Actu Sanguíneu.
Depois de estudar por seis meses em Nova Iorque na Universidade de Columbia, filma com Kiluanje Liberdade o documentário Oxalá cresçam pitangas - histórias da Luanda.
As suas obras foram traduzidas para diversas línguas, entre elas francêsinglêsalemãoitalianoespanhol e chinês. Foi laureado pelo Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco em 2007, pelo seu livro Os da Minha Rua. Recebeu, na Etiópia, o prémio Grinzane por melhor escritor africano de 2008.
Em Outubro de 2010 ganhou, no Brasil, o Prémio Jabuti, na categoria Juvenil, com o romance AvóDezanove e o Segredo do Soviético. O Jabuti é um dos mais importantes prémios literários brasileiros atribuído em 21 categorias.
(fonte: Wikipédia)


Leia um trecho do romance AVÓDEZANOVE E O SEGREDO DO SOVIÉTICO:
http://www.companhiadasletras.com.br/trecho.php?codigo=12719

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Vidas Secas - Graciliano Ramos

Eu Recomendo!
Biografia do Autor

Graciliano Ramos (1892-1953) nasceu em Quebrângulo, Alagoas. Estudou em Maceió, mas não cursou nenhuma faculdade. Após breve estada no Rio de Janeiro como revisor dos jornais "Correio da Manhã e A Tarde", passou a fazer jornalismo e política elegendo-se prefeito em 1927.
Foi preso em 1936 sob acusação de comunista e nesta fase escreveu "Memórias do Cárcere", um sério depoimento sobre a realidade brasileira. Depois do cárcere morou no Rio de Janeiro. Em 1945, integrou-se no Partido Comunista Brasileiro.
Graciliano estreou em 1933 com "Caetés", mas é São Berdado, verdadeira obra prima da literatura brasileira. Depois vieram "Angustia" (1936) e Vidas Secas (1938) inspirando-se em Machado de Assis.
Podemos justificar isto com passagens do texto:
"Os infelizes tinham caminhado o dia inteiro, estavam cansados e famintos."
"A caatinga estendia-se de um vermelho indeciso salpicado de manchas brancas que eram ossadas"
"Resolvera de supetão aproveitá-lo (papagaio) como alimento..."
"Miudinhos, perdidos no deserto queimado, os fugitivos agarraram-se, somaram as suas desgraças e os seus       pavores".

ESTUDO DOS PERSONAGENS

Baleia - cadela da família, tratado como gente, muito querido pelas crianças.
Sinhá Vitória - mulher de Fabiano, sofrida, mãe de 2 filhos, lutadora e inconformada com a miséria em que vivem, trabalha muito na vida.
Fabiano - nordestino pobre, ignorante que desesperadamente procura trabalho, bebe muito e perde dinheiro no jogo.
Filhos - crianças pobres sofridas e que não tem noção da própria miséria que vivem.
Patrão - contratou Fabiano para trabalhar em sua fazenda, era desonesto e explorava os empregados.
Outros personagens: o soldado, seu Inácio (dono do bar).

ESTUDO DA LINGUAGEM

Tipo de discurso: indireto livre
Foco narrativo: terceira pessoa
Adjetivos, figuras de linguagem:
Metáfora: " - você é um bicho, Fabiano".
Prosopopéia: compara Baleia como gente

ANÁLISE DAS IDÉIAS

Comentário Crítico:
Esse livro retrata fielmente a realidade brasileira não só da época em que o livro foi escrito, mas como nos dias de hoje tais como injustiça social, miséria, fome, desigualdade, seca, o que nos remete a idéia de que o homem se animalizou sob condições sub-humanas de sobrevivência.

RESUMO DA OBRA

Mudança
Em meio à paisagem hostil do sertão nordestino, quatro pessoas e uma cachorrinha se arrastam numa peregrinação silenciosa _ _ . O menino mais velho, exausto da caminhada sem fim, deita-se no chão, incapaz de prosseguir, o que irrita Fabiano, seu pai, que lhe  dá estocadas com a faca no intuito de fazê-lo levantar. Compadecido da situação do pequeno, o pai toma-o nos braços e carrega-o, tornando a viagem ainda mais modorrenta _ .
A cadela Baleia acompanha o grupo de humanos agora sem a companhia do outro animal da família, um papagaio, que fora sacrificado na véspera a fim de aplacar a fome que se abatia sobre aquelas pessoas. Na verdade, era um papagaio estranho, que pouco falava, talvez porque convivesse com gente que também falava pouco _ _ .
Errando por caminhos incertos, Fabiano e família encontram uma fazenda completamente abandonada. Surge a intenção de se fixar por ali. Baleia aparece com um preá entre os dentes, causando grande alegria aos seus donos. Haveria comida. Descendo ao bebedouro dos animais, em meio à lama, Fabiano consegue água. Há uma alegria em seu coração, novos ventos parecem soprar para a sua família. Pensa em Seu Tomás da bolandeira.  Pensa na mulher e nos filhos.
A inesperada caça é preparada, o que garante um rápido momento de felicidade ao grupo. No céu, já escuro, uma nuvem - sempre um sinal de esperança. Fabiano deseja estabelecer-se naquela fazenda. Será o dono dela. A vida melhorará para todos _ .
Fabiano  
Em vão Fabiano procura por uma raposa. Apesar do fracasso da empreitada, ele está satisfeito. Pensa na situação da família, errante, passando fome, quando da chegada àquela fazenda. Estavam bem agora _ _ . Fabiano se orgulha de vencer as dificuldades tal qual um bicho. Agora ele era um vaqueiro, apesar de não ter um lugar próprio para morar. A fazenda aparentemente abandonada tinha um dono, que logo aparecera e reclamara a posse do local. A solução foi ficar por ali mesmo, servindo ao patrão, tomando conta do local. Na verdade, era uma situação triste, típica de quem não tem nada e vive errante.  Sentiu-se novamente um animal, agora com uma conotação negativa. Pouco falava, admirava e tentava imitar a fala difícil das pessoas da cidade. Era um bicho _ .
A uma pergunta de um dos filhos, Fabiano irrita-se. Para que perguntar as coisas? Conversaria com Sinha Vitória sobre isso. Essas coisas de pensamento não levavam a nada. Seu Tomás da bolandeira, apesar de admirado por Fabiano pelas suas palavras difíceis, não acabara como todo mundo? As palavras, as idéias, seduziam e cansavam Fabiano.
Pensou na brutalidade do patrão, a tratá-lo como um traste. Pensou em Sinha Vitória e seu desejo de possuir uma cama igual à de Seu Tomás da bolandeira. Eles não poderiam ter esse luxo, cambembes que eram. Sentiu-se confuso. Era um forte ou um fraco, um homem ou um bicho _ ? Sentia, por vezes, ímpeto de lutador e fraqueza de derrotado.
Lembrando dos meninos, novamente, achou que, quando as coisas melhorassem, eles poderiam se dar ao luxo daquelas coisas de pensar. Por ora, importante era sobreviver. Enquanto as coisas não melhorassem, falaria com Sinha Vitória sobre a educação dos pequenos.
Cadeia
Fabiano vai à feira comprar mantimentos, querosene e um corte de chita vermelha. Injuriado com a qualidade do querosene e com o preço da chita, resolve beber um pouco de pinga  na bodega de seu Inácio. Nisso, um soldado amarelo convida-o para um jogo de cartas. Os dois acabam perdendo, o que irrita o soldado, que provoca Fabiano quando esse está de partida. A idéia do jogo havia sido desastrosa. Perdera dinheiro, não levaria para casa o prometido. Fabiano, agora, pensava em como enganar Sinha Vitória, mas a dificuldade de engendrar um plano o atormentava.
O soldado, provocador, encara o vaqueiro e barra-lhe a passagem. Pisa no pé de Fabiano que, tentando contornar a situação à sua maneira, agüenta os insultos até o possível, terminando por xingar a mãe do soldado amarelo. Destacamento à sua volta. Cadeia. Fabiano é empurrado, humilhado publicamente.
No xadrez, pensa por que havia acontecido tudo aquilo com ele. Não fizera nada, se quisesse até bateria no mirrado amarelo, mas ficara quieto. Em meio a rudes indagações, enfureceu-se, acalmou-se, protestou inocência _ . Amolou-se com o bêbado e com a quenga que estavam em outra cela. Pensou na família. Se não fosse Sinha Vitória e as crianças, já teria feito uma besteira por ali mesmo. Quando deixaria que um soldadinho daqueles o humilhasse tanto? Arquitetou vinganças, gritou com os outros presos e, no meio de sua incompreensão com os fatos, sentiu a família como um peso a carregar _ .
Sinha Vitória
Naquele dia, Sinha Vitória amanhecera brava. A noite mal dormida na cama de varas era o motivo de sua zanga. Falara pela manhã, mais uma vez, com Fabiano sobre a dificuldade de dormir naquela cama. Queria uma cama de lastro de couro, como a de Seu Tomás da bolandeira, como a de pessoas normais.
Havia um ano que discutia com o marido a necessidade de uma cama decente e, em meio a uma briga por causa das "extravagâncias" de cada um, Sinha Vitória certa vez ouviu Fabiano dizer-lhe que ela ficava ridícula naqueles sapatos de verniz, caminhando como um papagaio, trôpega, manca. A comparação machucou-a _ .
Agora, ela irritava-se com o ronco de Fabiano ao lembrar-se de suas palavras. Circulando pela casa, fazia suas tarefas em meio a reza e a atenção ao que acontecia lá fora. Por pensar ainda na cama e na comparação maldosa de Fabiano, quase esqueceu de pôr água na comida. Veio-lhe a lembrança do bebedouro em que só havia lama. Medo da seca. Olhou de novo para seus pés e inevitavelmente achou Fabiano mau _ . Pensou no papagaio e sentiu pena dele _ .
Lá fora, os meninos brincavam em meio à sujeira. Dentro de casa, Fabiano roncava forte, seguro, o que indicava a Sinha Vitória que não deveria haver perigo algum por ali. A seca deveria estar longe _ . As coisas, agora, pareciam mais estáveis, apesar de toda a dificuldade. Lembrou-se de como haviam sofrido em suas andanças. Só faltava uma cama. No fundo, até mesmo Fabiano queria uma cama nova.
O Menino mais novo 
A imagem altiva do pai foi que lhe fez surgir a idéia. Fabiano, armado como vaqueiro, domava a égua brava com o auxílio de Sinha Vitória. O espetáculo grosseiro excitava o menor dos garotos, impressionado com a façanha do pai e disposto a fazer algo que também impressionasse o irmão mais velho e a cachorra Baleia _ . No dia seguinte, acordou disposto a imitar a façanha do pai. Para tanto, quis comunicar a intenção ao mano, mas evitou, com medo de ser ridicularizado.
Quando as cabras foram ao bebedouro, levadas pelo menino mais velho e por Baleia,  o pequeno tomou o bode como alvo de sua ação. Sentia-se altivo como Fabiano quando montava. No bebedouro, o garoto despencou da ribanceira sobre o animal, que o repeliu. Insistente, tentou se aprumar mas foi sacudido impiedosamente, praticando um involuntário salto mortal que o deixou, tonto, estatelado ao chão. O irmão mais velho ria sem parar do ridículo espetáculo, Baleia parecia desaprovar toda aquela loucura _ . Fatalmente seria repreendido pelos pais. Retirou-se humilhado, alimentando a raivosa certeza de que seria grande, usaria roupas de vaqueiro, fumaria cigarros e faria coisas que deixariam Baleia e o irmão admirados.
O Menino mais velho
Aquela palavra tinha chamado a sua atenção: inferno. Perguntou à Sinha Vitória, vaga na resposta. Perguntou a Fabiano, que o ignorou. Na volta à Sinha Vitória, indagou se ela já tinha visto o inferno. Levou um cascudo e fugiu indignado. Baleia fez-lhe companhia tentando alegrá-lo naquela hora difícil.
Decidiu contar à cachorrinha uma história, mas o seu vocabulário era muito restrito, quase igual ao do papagaio que morrera na viagem _ . Só Baleia era sua amiga naquele momento. Por que tanta zanga com uma palavra tão bonita ? A culpa era de Sinha Terta, que usara aquela palavra na véspera, maravilhando o ouvido atento do garoto mais velho.
Olhou para o céu e sentiu-se melancólico. Como poderiam existir estrelas? Pensou novamente no inferno. Deveria ser, sim, um lugar ruim e perigoso, cheio de jararacas e pessoas levando cascudos e pancadas com a bainha da faca _ . Sempre intrigado, abraçou-se à Baleia como refúgio _ .
Inverno
Todos estavam reunidos em volta do fogo, procurando aplacar o frio causado pelo vento e pela água que agitava a paisagem fora da casa. Chegara o inverno, e isso reunia a família próxima à fogueira. Pai e mãe conversavam daquele jeito de sempre, estranho, e os meninos, deitados, ficavam ouvindo as histórias inventadas por Fabiano, de feitos que ele nunca tinha realizado, aventuras nunca vividas. Quando o mais velho levantou-se para buscar mais lenha, foi repreendido severamente pelo pai, aborrecido pela interrupção de sua narrativa.

Fabiano empolgava-se mais ainda em contar suas façanhas _ . A chuva tinha vindo em boa hora. Após a humilhação na cidade, decidira que, com a chegada da seca, abandonaria a família e partiria para a vingança contra o soldado amarelo e demais autoridades que lhe atravessassem o caminho. A chegada das águas interrompera aqueles planos sinistros. Em meio à narrativa empolgada, Fabiano imaginava que as coisas melhorariam a partir dali; quem sabe, Sinha Vitória até pudesse ter a cama tão desejada.A chuva dava à família a certeza de que a seca não chegaria por enquanto. Isso alegrava Fabiano. Sinha Vitória, porém, temia por uma inundação que os fizesse subir ao morro, novamente errantes. A água, lá fora, ampliava sua invasão.
Para o filho mais novo, o escuro e as sombras geradas pela fogueira faziam da imagem do pai algo grotesco, exagerado. Para o mais velho, a alteração feita por Fabiano na história que contava era motivo de desconfiança. Algo não cheirava bem naquele enredo _ . Sempre pensativo, o menino mais velho dormiu pensando na falha do pai e nos sapos que estariam lá fora, no frio.
Baleia, incomodada com a arenga de Fabiano, procurava sossego naquela paisagem interior. Queria dormir em paz, ouvindo o barulho de fora _ .
Festa
A família foi à festa de Natal na cidade. Todos vestidos com suas melhores roupas, num traje pouco comum às suas figuras, o que lhes dava um ar ridículo. A caminhada longa tornava-se ainda mais cansativa por causa daquelas roupas e sapatos apertados. O mal-estar era geral, até que Fabiano cansou-se da situação e tirou os sapatos, metendo as meias no bolso, livrando-se ainda do paletó e da gravata que o sufocava. Os demais fizeram o mesmo. Voltaram ao seu natural. Baleia juntou-se ao grupo _ .
Chegando à cidade, foram todos lavar-se à beira de um riacho antes de se integrarem à festa. Sinha Vitória carregava um guarda-chuva. Fabiano marchava teso. Os meninos maravilham-se, assustados, com tantas luzes e gente. A igreja, com as imagens nos altares, encantou-os mais ainda. O pai espremia-se no meio da multidão, sentindo-se cercado de inimigos. Sentia-se mangado por aquelas pessoas que o viam em trajes estranhos à sua bruta feição. Ninguém na cidade era bom. Lembrou-se da humilhação imposta pelo soldado amarelo quando estivera pela última vez na cidade.
A família saiu da igreja e foi ver o carrossel e as barracas de jogos. Como Sinha Vitória negou-lhe uma aposta no bozó, Fabiano afastou-se da família e foi beber pinga _ . Embriagando-se, foi ficando valente. Imaginava, com raiva, por onde andava o soldado amarelo. Queria esganá-lo. No meio da multidão, gritava, provocava um inimigo imaginário _ . Queria bater em alguém, poderia matar se fosse o caso _ . Vez ou outra, interrompia suas imprecações para uma confusa reflexão. Cansado do seu próprio teatro, Fabiano deitou no chão, fez das suas roupas um travesseiro e dormiu pesadamente.
Sinha Vitória, aflita, tinha que olhar os meninos, não podia deixar o marido naquele estado. Tomando coragem para realizar o que mais queria naquele momento, discretamente esgueirou-se para uma esquina e ali mesmo urinou. Em seguida, para completar o momento de satisfação, pitou num cachimbo de barro pensando numa cama igual à de seu Tomas da bolandeira .
Os meninos também estavam aflitos. Baleia sumira na confusão de pessoas, e o medo de que ela se perdesse e não mais voltasse era grande. Para alívio dos pequenos, a cachorrinha surge de repente e acaba com a tensão. Restava, agora, aos pequenos, o maravilhamento com tudo de novo que viam. O menor perguntou ao mais velho se tudo aquilo tinha sido feito por gente. A dúvida do maior era se todas aquelas coisas teriam nome. Como os homens poderiam guardar tantas palavras para nomear as coisas _ ?
Distante de tudo, Fabiano roncava e sonhava com soldados amarelos.
Baleia
Pêlos caídos, feridas na boca e inchaço nos beiços debilitaram Baleia de tal modo que Fabiano achou que ela estivesse com raiva. Resolveu sacrificá-la. Sinha Vitória recolheu os meninos, desconfiados,  a fim de evitar-lhes a cena.
Baleia era considerada como um membro da família, por isso os meninos protestaram, tentando sair ao terreiro para impedir a trágica atitude do pai. Sinha Vitória lutava com os pequenos, porque aquilo era necessário, mas aos primeiros movimentos do marido para a execução, lamentou o fato de que ele não tivesse esperado mais para confirmar a doença da cachorrinha.
Ao primeiro tiro, que pegou o traseiro da cachorra e inutilizou-lhe uma perna, as crianças começaram a chorar desesperadamente.
Começou, lá fora, o jogo estratégico da caça e do caçador. Baleia sentia o fim próximo, tentava esconder-se e até desejou morder Fabiano. Um nevoeiro turvava a visão da cachorrinha, havia um cheiro bom de preás. Em meio à agonia, tinha raiva de Fabiano, mas também o via como o companheiro de muito tempo. A vigilância às cabras, Fabiano, Sinha Vitória e as crianças surgiam à Baleia em meio a uma inundação de preás que invadiam a cozinha _ . Dores e arrepios. Sono. A morte estava chegando para Baleia. 
Contas
Fabiano retirava para si parte do que rendiam os cabritos e os bezerros. Na hora de fazer o acerto de contas com o patrão, sempre tinha a sensação de que havia sido enganado. Ao longo do tempo, com a produção escassa, não conseguia dinheiro e endividava-se.
Naquele dia, mais uma vez Fabiano pedira a Sinha Vitória para que ela fizesse as contas. O patrão, novamente, mostrou-lhe outros números. Os juros causavam a diferença, explicava o outro. Fabiano reclamou, havia engano, sim senhor, e aí foi o patrão quem estrilou. Se ele desconfiava, que fosse procurar outro emprego. Submisso, Fabiano pediu desculpas e saiu arrasado, pensando mesmo que Sinha Vitória era quem errara.
Na rua, voltou-lhe a raiva. Lembrou-se do dia em que fora vender um porco na cidade e o fiscal da prefeitura exigira o pagamento do imposto sobre a venda. Fabiano desconversou e disse que não iria mais vender o animal. Foi a uma outra rua negociar e, pego em flagrante, decidiu nunca mais criar porcos _ .
Pensou na dificuldade de sua vida. Bom seria se pudesse largar aquela exploração. Mas não podia! Seu destino era trabalhar para os outros, assim como fora com seu pai e seu avô.
As notas em sua mão impressionavam-no. "Juros", palavra difícil que os homens usavam quando queriam enganar os outros. Era sempre assim: bastavam palavras difíceis para lograr os menos espertos. Contou e recontou o dinheiro com raiva de todas aquelas pessoas da cidade. Sinha Vitória é que entendia seus pensamentos.
Teve vontade de entrar na bodega de seu Inácio e tomar uma pinga. Lembrou-se da humilhação passada ali mesmo e decidiu ir para casa. o céu, várias estrelas. Deixou de lado a lembrança dos inimigos e pensou na família. Sentiu dó da cachorra Baleia. Ela era um membro da família.
O Soldado Amarelo
Procurando uma égua fugida, Fabiano meteu-se por uma vereda e teve o cabresto embaraçado na vegetação local. Facão em punho, começou a cortar as quipás e palmatórias que impediam o prosseguimento da busca. Nesse momento, depara-se com o soldado amarelo que o humilhara um ano atrás _ . O cruzar de olhos e o reconhecimento durou fração de segundos. O suficiente para que Fabiano esfolasse o inimigo. O soldado claramente tremia de medo. Também reconhecera o desafeto antigo e pressentia o perigo.
Fabiano irritou-se com a cena. O outro era um nadica. Poderia matá-lo com as mãos, sem armas, se quisesse. A fragilidade do outro aos poucos foi aplacando a raiva de Fabiano. Ponderou que ele mesmo poderia ter evitado a noite na cadeia se não tivesse xingado a mãe do amarelo. No meio daquela paisagem isolada e hostil, só os dois, e se ele pedisse passagem ao soldado? Aproximou-se do outro pensando que já tinha sido mais valente, mais ousado. Na verdade, na fração de segundo interminável Fabiano ia descobrindo-se amedrontado. Se ele era um homem de bem, para que arruinar a sua vida matando uma autoridade? Guardaria forças para inimigo maior.
Sentindo o inimigo acovardado, o soldado ganhou força. Avançou firme e perguntou o caminho. Fabiano tirou o chapéu numa reverência e ainda ensinou o caminho ao amarelo.
O Mundo Coberto de Penas
A invasão daquele bando de aves denunciava a chegada da seca. Roubavam a água do gado, matariam bois e cabras. Sinha Vitória inquietou-se. Fabiano quis ignorar, mas não pôde; a mulher tinha razão. Caminhou até o bebedouro, onde as aves confirmavam o anúncio da seca. Eram muitas. Um tiro de espingarda eliminou cinco, seis delas, mas eram muitas. Fabiano tinha certeza, agora, de uma nova peregrinação, uma nova fuga.
Era só desgraça atrás de desgraça. Sempre fugido, sempre pequeno. Fabiano não se conformava, pensava com raiva no soldado amarelo, achava-se um covarde, um fraco. Irado, matou mais e mais aves. Serviriam de comida, mas até quando ? Quem sabe a seca não chegasse...Era sempre uma esperança. Mas o céu escuro de arribações só confirmava a triste situação _ . Elas cobriam o mundo de penas, matando o gado, tocando a ele e à família dali, quem sabe comendo-os.
Recolheu os cadáveres das aves e sentiu uma confusão de imagens em sua cabeça. Aquele lugar não era bom de se viver. Lembrou-se de Baleia, tentou se convencer de que não fizera errado em matá-la, pensou de novo na família e no que as arribações representavam. Sim, era necessário ir embora daquele lugar maldito _ . Sinha Vitória era inteligente, saberia entender a urgência dos fatos.
Fuga
O céu muito azul, as últimas arribações e os animais em estado de miséria indicavam a Fabiano que a permanência naquela fazenda estava esgotada. Chegou um ponto em que, dos animais, só sobrou um bezerro, que foi morto para servir de comida na viagem que se faria no dia seguinte.
Partiram de madrugada, abandonando tudo como encontraram. O caminho era o do sul. O grupo era o mesmo que errava como das outras vezes. Fabiano, no fundo, não queria partir, mas as circunstâncias convenciam-no da necessidade.
A vermelhidão do céu, o azul que viria depois assustavam Fabiano _ . Baleia era uma imagem constante em seus confusos pensamentos. Sinha Vitória também fraquejava. Queria, precisava falar _ . Aproximou-se do marido e disse coisas desconexas, que foram respondidas no mesmo nível de atrapalhação.

Na verdade, ele gostou que ela tivesse puxado conversa. Ela tentou animar o marido, quem sabe a vida fosse melhor, longe dali, com uma nova ocupação para ele. Marido e mulher elogiam-se mutuamente; ele é forte, agüenta caminhar léguas, ela, tem pernas grossas e nádegas volumosas, agüenta também. A cidade, talvez, fosse melhor. Até uma cama poderiam arranjar. Por que haveriam de viver sempre como bichos fugidos _ ?
Os meninos, longe, despertavam especulações ao casal. O que seriam quando crescessem? Sinha Vitória não queria que fossem vaqueiros. O cansaço ia chegando à medida que avançava a caminhada, e assim houve uma parada para descanso. Novamente marido e mulher conversavam, fazendo planos, temendo o mau agouro das aves que voavam no céu.
Sinha Vitória acordou os pequenos, que dormiam, e seguiu-se viagem. Fabiano ainda admirou a vitalidade da mulher. Era forte mesmo! Assim, a cada passo arrastado do grupo um mundo de novas perspectivas ia sendo criado. Sinha Vitória falava e estimulava Fabiano. Sim, deveria haveria uma nova terra, cheia de oportunidades, distante do sertão a formar homens brutos e fortes como eles.

Comprar este Livro:

De: Richard Wendell 3B