terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O saquinho de amendoim justiceiro

Todo dia me lembro das histórias que meu avô contava quando eu era criança sobre o XV de Piracicaba, time aqui da cidade que sempre joga no tradicional estádio Barão de Serra Negra, ou simplesmente Barão como aqui é conhecido.
“Naquele tempo não tinha essa violência entre torcidas organizadas como existe hoje em dia”, meu avô sempre repetia, “todos se sentavam juntos, todos misturados. Eu ainda espero voltar a ver isso!”, ele ainda hoje repete entre suspiros.
Meu avô, quando tinha 20 anos, vendia amendoim no XV. As vendas eram feitas de uma maneira bastante incomum: os saquinhos eram “atirados” no espaço onde ficava a arquibancada. Ele conta que vendia amendoim e assistia ao jogo ao mesmo tempo e quando era hora de xingar ou de gritar gol, ele parava de jogar amendoim e xingava e comemorava também.
A parte das histórias que eu mais gosto é quando ele conta que, durante um certo jogo, aconteceu um lance de pênalti para o XV e o juiz não deu. Todos os torcedores começaram a vaiar e, lógico, ele também. Mas meu avô era torcedor fanático, tomou como pessoal a ofensa ao time e, ainda não satisfeito, ele jogou um saquinho de amendoim no campo.
Pah! Acertou a cabeça do juiz!
Por causa do acontecimento, ele saiu até no jornal de Piracicaba e acabou ficando conhecido na cidade como o “homem amendoim”. Na época, correu um processo no qual meu avô era réu, mas, em vez de ser punido, quem foi punido foi o juiz por não  ter marcado o pênalti na final do Campeonato Paulista que daria a vitória ao XV. O juiz que apitava a partida teve que pagar uma boa indenização em dinheiro. Meu avô foi considerado um herói pela torcida do XV na época, e até hoje quando ele passa na rua as pessoas gritam para ele: E aí, homem amendoim. Ele ficou famoso depois daquele dia. 

Danilo R.

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