quinta-feira, 14 de março de 2013

Parkour: relato de um praticante



Saber exatamente quando surgiu o parkour é algo praticamente impossível. Não há certeza se é uma esporte, uma filosofia, uma disciplina ou alguma coisa do gênero. No mundo é conhecido por vários nomes, os principais são Parkour e Free Running, mas a pulga atrás da orelha insiste: “O que realmente é o Parkour?”
Na década de 80, Devid Balle segue um treinamento inventado por seu pai, que tinha como objetivo ultrapassar obstáculos para ajudar os bombeiros em suas missões. Devid Belle começou como uma brincadeira que, com o tempo, foi sendo levada para o lado esportivo. Junto com Sebastian Folcan, os amigos começaram a expandir o parkour na França. Os dois treinaram quase uma década juntos, mas acabaram se separando por terem ideias diferentes sobre a prática. Folcan achava que os movimentos do parkour deveriam procurar alcançar mais beleza do que agilidade, então criou o free Running. Belle continuou na França e Folcan foi para a Inglaterra. Com o tempo, os dois foram ganhando seguidores e a prática se espalhou pelo mundo todo, até chegar ao Brasil em 2004.
Com o lançamento do filme Bairro 13 - 13° distrito em 2003, o parkour teve chance de se tornar conhecido pelos 4 cantos do mundo, e foi o que aconteceu: praticantes começaram a surgir como formigas em todos os lugares, cidades de pequeno e médio porte tinham, pelo menos,  10  praticamente, e as cidades grandes tinham um número muito maior.
Em 2004, o nosso querido You Tube foi lançado, possibilitando assim que os praticantes postassem seus vídeos para o mundo todo ver. Com ajuda de redes sociais, as pessoas interessadas entravam em contato com algum praticante e começavam a treinar, até atingir a dimensão do que é o parkour  hoje em dia: um esporte presente no globo terrestre todo. São raras as cidades em que não habitam tracers (praticantes de parkour). 
No Brasil, ainda há muitas coisas a serem superadas, ainda há muito preconceito e falta de conhecimento da prática, mas em países como França e Inglaterra, o parkour é uma bomba: ginásios gigantescos são usados só para a prática do parkour, já há uma lista com inúmeros filmes que usam da modalidade, praças são feitas especialmente para prática em lugares ao ar livre com acesso para todos. O conceito também mudou, agora você se movimenta como quiser, sem ter preconceito.
Com o passar dos anos, o parkour foi mudando muito de aspecto. Há quatro anos, quem praticava acrobacias em meio à movimentação era considerado um "modinha" da prática mas, hoje em dia, já não é mais assim. Pra mim, que sou praticante há alguns anos, quer seja um esporte, uma filosofia, uma disciplina ou o seja lá o que for, a explicação universal do Parkour é a de que a prática força você a traçar objetivos.  Você traça seu destino e vai atrás dele, se preferir da maneira mais rápida (conhecido como o verdadeiro Parkour) ou então da maneira mais bonita e fluente (conhecido como Free Running ).
Basicamente, o que importa de verdade é você estar em constante movimento, sempre procurando se superar, sempre buscando mais. Um dos aspectos que fazem as pessoas se apaixonarem pelo parkour é justamente a ânsia por evolução: você aprende um salto e quer ir cada vez mais alto. Se subir um muro de 2 metros, vai querer encarar um de 3. Além disso, hoje, o parkour é tão amplo que é possível uma pessoa treinar há 10 anos e ainda não ter feito todos os movimentos. É como um efeito dominó: você aprende uma coisa, e isso te leva a aprender outra.
Mas, o verdadeiro parkour só pode ser entendido por quem o pratica, por quem vive com a ânsia de evolução de quem está derramando suor para ter suas conquistas. Além de mudar a pessoa fisicamente, o parkour também nos muda psicologicamente, preparando para várias situações que podem ser encontradas no cotidiano e que exigem esforço e superação. A forma de pensar se altera de uma forma que não se conseguiria com alguma aulinha de autoajuda. Depois de conviver com o parkour por alguns anos, me acostumei a treinar e não consigo mais me imaginar parado. O corpo automaticamente anseia pela vontade de ser usado para fazer arte.

Eberton Cetein

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