terça-feira, 8 de maio de 2012

Literatura africana: vale a pena conferir!

Escritores africanos têm sido cada vez mais festejados e lidos por aqui, em nosso país. Mia Couto (moçambicano), José Eduardo Agualusa, Ondjaki (ambos angolanos), só pra citar alguns, produzem uma literatura retratando uma África que nos é desconhecida. Nós que somos um povo com raízes tão fortes naquele continente... A diáspora trouxe ao Brasil quatro milhões de escravos (não há consenso neste número, alguns estudiosos afirmam que esse número é muito maior). E o que sabemos da Mãe África? Tão pouco! Uma boa forma de descoberta é a literatura de qualidade produzida hoje em dia por lá.

Mia Couto

Além de ser considerado um dos escritores mais importantes de Moçambique, é o escritor moçambicano mais traduzido. Em muitas das suas obras, Mia Couto tenta recriar a língua portuguesa com uma influência moçambicana, utilizando o léxico de várias regiões do país e produzindo um novo modelo de narrativa africana. Terra Sonâmbula, o seu primeiro romance, publicado em 1992, ganhou o Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995 e foi considerado um dos doze melhores livros africanos do século.
(fonte: Wikipédia)
A biblioteca da escola conta com o livro O outro pé da sereia, mas uma boa porta de entrada para a obra do escritor é o livro de contos Histórias abensonhadas. Através de contos breves, temos um panorama de todo o misticismo e esperança de um povo. Os títulos já sugerem a prosa poética que nos espera: Nas águas do tempo, O cego Estrelinho, Jorojão vai embalando lembranças, Pranto de coqueiro, Os infelizes cálculos da felicidade, Os olhos fechados do diabo do advogado, A guerra dos palhaços. Mia Couto é assim: sintetiza enormidades. Cada parágrafo traz descobertas desconcertantes, quer sobre a língua, os costumes, as tradições e a esperança do povo de Moçambique. Impossível pensar no livro sem trazer a  referência da guerra civil que assolou o país por 30 anos, mas o trato dado pelo escritor a essa questão é absolutamente apaixonante.


Trechos do livro Histórias abensonhadas:
"Sente o sangue escorrendo, a bota do soldado ainda lhe dói uma última vez. Como pode saber ele os procedimentos exigidos pelo vigilante? Mas o soldado é totalmente militar: está só cumprindo ignorâncias, jurista de chumbo incapaz de distinguir um fora-da-lei de um lei-de-fora. (...) À medida que o soldado desfere mais violência, a bandeira parece perder as cores, a apaisagem em redor esfria e a luz tomba de joelhos. É, então." (conto: O poente da bandeira)

"Estou sentado da janela olhando a chuva que cai há três dias. Que saudade me fazia  o molhado tintinar do chuvisco. A terra perfumegante: semelha a mulher em vésperas de carícia. Há quantos anos não chovia assim? De tanto durar, a seca foi emudecendo a nossa miséria. (...) A gente se indaguava: será que ainda podemos recomeçar, será que a alegria ainda tem cabimento?". (Conto: Chuva: a abensonhada.)




José Eduardo Agualusa



Numa entrevista, o escritor responde à pergunta, "Quem é o Eduardo Agualusa?": "Quem eu sou não ocupa muitas palavras: angolano em viagem, quase sem raça. Gosto do mar, de um céu em fogo ao fim da tarde. Nasci nas terras altas. Quero morrer em Benguela, como alternativa pode ser Olinda, no Nordeste do Brasil." Perguntado se se diverte escrevendo, Agualusa explica: "Escrever me diverte, e escrevo também, porque quero saber como termina o poema, o conto ou o romance. E ainda porque a escrita transforma o mundo. Ninguém acredita nisto e no entanto é verdade."
(fonte: Wikipédia)
 Para saber mais sobre o escritor, sua obra e a influência de sua literatura aqui no Brasil, acesse o linK:
A Rede Globo negociou os direitos do livro Nação Crioula e a história deve virar minissérie em breve.

Ondjaki




Atualmente, mora no Brasil, no Rio de Janeiro. Estudou em Luanda e concluiu licenciatura em sociologia em Lisboa. Possui experiência na área do teatro e da pintura.
Em 2000, obtém o segundo lugar no concurso literário António Jacinto realizado em Angola, e publica o primeiro livro, Actu Sanguíneu.
Depois de estudar por seis meses em Nova Iorque na Universidade de Columbia, filma com Kiluanje Liberdade o documentário Oxalá cresçam pitangas - histórias da Luanda.
As suas obras foram traduzidas para diversas línguas, entre elas francêsinglêsalemãoitalianoespanhol e chinês. Foi laureado pelo Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco em 2007, pelo seu livro Os da Minha Rua. Recebeu, na Etiópia, o prémio Grinzane por melhor escritor africano de 2008.
Em Outubro de 2010 ganhou, no Brasil, o Prémio Jabuti, na categoria Juvenil, com o romance AvóDezanove e o Segredo do Soviético. O Jabuti é um dos mais importantes prémios literários brasileiros atribuído em 21 categorias.
(fonte: Wikipédia)


Leia um trecho do romance AVÓDEZANOVE E O SEGREDO DO SOVIÉTICO:
http://www.companhiadasletras.com.br/trecho.php?codigo=12719

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